sexta-feira, 3 de setembro de 2010

A vida inconstante de Margareth

     


  Esta é a história de Margareth, minha melhor amiga e irmã. Quando criança, ela era esperta, uma criança maravilhosa, que encantava a todos. Na adolescência, foi modificando sua personalidade, se tornando calada, fria...e me torturava com seu jeito de ser.
      Me lembro uma vez, que Margareth amava muito Polônio, seu sonho era casar-se com ele e a medida em que ele se afastava, ela morria aos poucos. Era como se arrancasse pedaço a pedaço o seu coração.A última cena desse amor, ela deitada no sofá,cabelos molhados, segurando a mão de Polônio, mal sabia ela que seria a última vez que ela o veria. A vida é uma tragédia e Margareth piorava a cada dia.
      Ela me disse que a visão da janela condizia com sua vida naquele momento:luz do sol, em ângulos abertos, uma imensa árvore caída, raízes esparramadas no ar, casca e ramos ainda verdes. Mal teve oportunidade de aproveitar a vida, já morreu. Para Margareth, os dias eram como anos e eu percebia sua piora. Descobriu depois, que Polônio possuía uma amante, foi atrás dela...uma ruiva, com aspecto selvagem, traiçoeiro, promissor. Margareth percebeu o quanto Polônio a enrolava e depois disso entrou em depressão.
     Aos quarenta anos, seu aspecto era de doente. Olhava no espelho, um rosto estranho, grisalho nas têmporas. Sempre que a via, me vinha na cabeça a lembrança de uma noite de minha infância...sombras azuis numa noite de lua cheia, o topo de uma montanha com um vento forte, inconstante;assim era sua personalidade, forte e inconstante. A tragédia desse mundo é que todos estão sozinhos...

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